quarta-feira, 2 de maio de 2018

PRA COMEÇAR...


15 de fevereiro de 2017

Este é um espaço de relatos, considerações e observações a respeito do processo de pesquisa do projeto "Ritos de Morte: apontamentos para uma etnografia audiovisual", aprovado no Edital Setorial de Audiovisual 2016 - Desenvolvimento e Difusão da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia – SecultBa.
Trata-se de uma pesquisa não necessariamente universitária, mas, nos termos da sua própria ideia original, algo entre os critérios de uma investigação acadêmica e uma pré-produção para um futuro documentário.
Por aqui partilharei alguns dos caminhos e descaminhos do projeto, das oportunidades incríveis que o trabalho de campo traz, principalmente ao lidar mais de perto com o universo das tradições orais, das culturas imateriais. Um lugar para registrar os percursos, ideias e até mesmo os perrengues que sempre acompanham essas empreitadas. Aliás, sem eles não há pesquisa. Por isso, aqui também vai haver muita choradeira, muita fase travada, muita paranoia que parece descer como uma assombração sobre quem se dedica a produzir uma pesquisa, uma espécie de sombra que acompanha quase que obrigatoriamente os destemidos que se enveredam por essa seara.
Bem, mas que diabos é esse projeto afinal? O nome sugestivo dá uma dica, mas não esclarece. Explico: proponho estudar um pouco sobre outras visões de morte que não estas que conhecemos nessa nossa sociedade de cultura e religião judaico cristã, No Brasil, isso significa enveredar pelo sincretismo, e nele buscar entender os rituais de morte baseados nas culturas sobretudo de matrizes africanas, que expressam perspectivas peculiares no imaginário popular, pontuando crenças na mortalidade/imortalidade, invulnerabilidade, “latumias” e transmutação física. Visa gerar informações para a reflexão sobre traços dessas culturas no registro de seus saberes e fazeres. Uma experiência de aproximação entre a pesquisa documental etnográfica e uma consequente proposta de produção de uma obra audiovisual.
Irmandade da Boa Morte | Foto: Roberto Faria
Para tanto, selecionais três campos/locais de investigação: o povoado do Cinzento, comunidade remanescente de quilombo, na zona rural do município de Planalto, Bahia, lugar que ainda mantém fortes traços de valores e comportamentos sociais de seus antepassados; a Irmandade da Boa Morte, em Cachoeira, Bahia, ordem religiosa católica, cujos membros têm um percurso entremeado com as tradições afro-brasileiras; e o Weltkuturen Museum, em Frankfurt, na Alemanha, instituição renomada que mantém um do mais acervos importantes acervos sobre as culturas de todo o mundo, local ao qual poderei fazer buscar referências e contrapontos acerca do que encontrar nos caminhos dessa investigação.
Os resultados do projeto Ritos de Morte serão disponibilizados ao longo da sua execução nesse blog para quaisquer pesquisadores e demais interessados e, ao final, exposto em um artigo especialmente produzido com os resultados da pesquisa, além de uma pequena exposição virtual, em formato de banneres. Como produto final também entregarei um projeto técnico para a produção de um documentário sobre o tema. Mas esse, por enquanto, vou guardar só pra mim e para a SecultBa, até poder colocar em fase de produção. Lógico, né?

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